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Foto do escritorHP Charles

A amarga verdade.

Atualizado: 7 de nov. de 2023

Denis Diderot, escritor e filósofo francês disse com propriedade: "engolimos de vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga".


Diderot nos ensina, em síntese apertada, que somos quase reféns de nossa vaidade e que nos sujeitamos, por vezes, a aceitarmos elogios fáceis e bajulações hipócritas apenas porque nos apetece o ego, ao invés de encararmos as verdades duras e honestas sobre nós mesmos.


Não raro as pessoas se afastam daqueles amigos genuínos porque em algum momento foram duros e nos enfiaram a verdade fuça adentro. Por outro lado somos seduzidos por falsas companhias que nos dirigem palavras adocicadas e complacentes e que possuem o mero fito de bem estar próprio e de ganho egoísta.


Isso ocorre de forma comezinha em nossas vidas, e dependendo do momento em que estamos, é fácil ser abatido por carinhos escusos. Fragilidade e baixa autoestima são verdadeiros "para-raios" de oportunistas e manipuladores, que sabem exatamente como puxar as cordinhas certas de suas marionetes.


Em nossa ânsia pelo bem estar oriundo da adulação mais infantil e rasteira, nos deixamos levar muitas vezes pela "doce mentira", muitas vezes eivada de interesse ou inveja. Quem não gosta de ouvir benquerenças, mesmos as mais triviais e gratuitas.


Em tempos de likes e curtidas - as novas moedas que regem o mundo - qualquer clique de mouse é capitalização, inclusive emocional. E é difícil não se deixar levar, principalmente se o momento não é o melhor. Será que existe gente que se vicia em likes ou elogios? Hoje a garotada chama de "biscoito", não é mesmo? Algo banal, gostoso e fácil de engolir, reparem.


Ouvir a verdade é outra história. Ela pode machucar, te alertar sobre mudanças que precisam ser feitas, sobre erros cometidos. Ela precisa ser mastigada e digerida com dificuldade, ao contrário do...biscoito.


Em atendimento a nosso egos e fraquezas nos deixamos arrebatar por caraminholas tolas, por conversas rasas e por aplausos volúveis, qualquer coisa que nos faça nos sentir "mais e melhor". Aduladores e aproveitadores sorriem e babam grotescamente espreitando as presas, prontos para virar a nossa chave com palavras e conselhos agradáveis.


Desconfie portanto da cornucópia encantada e fique atento às palavras que você não quer ouvir. Normalmente há mais proveito e sabedoria na pancada que estoura em seus ouvidos e mesmo que o barulho te machuque, é aquilo mesmo que você tinha que ouvir. Que real proveito um elogio lançado pode ter a não ser a massagem do ego? Já a crítica ardida pode te catapultar para o certo e para o bem, e isso é óbvio.


Sendo assim, fiquemos atentos às "doces mentiras", as narrativas fáceis, aos elogios aliciantes. Crescemos e amadurecemos nos alimentando das verdades mais amargas e não com aquele pacote de "biscoito" ofertado oportunamente e impessoalmente por quem realmente não se importa com você.

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