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Foto do escritorHP Charles

O caminho para a felicidade REAL.

E se eu te disser que ultrapassadas suas necessidades básicas de moradia, alimentação e vestimenta, você precisa de muito pouco para ser feliz. Se te disser que você não precisa de objetos caros ou até outra pessoa para avalizar ou consignar a sua felicidade? E se eu te disser que a felicidade pode estar em coisas triviais e que custam ou muito pouco ou nada?


Ao longo de nossa vida nos garantiram que só seríamos felizes através da posse e que o sucesso se mediria pelo que temos e não pelo que somos. Mas e quando se conquistam todos bens com os quais sonhamos e ainda nos sentimos tristes ou incompletos? Quando todo aquele esforço para "comprar" objetos, se mostrou inócuo na direção de sua satisfação pessoal? Bukowski escreveu que "quanto menos ele tinha, mais feliz ficava". Você pode atribuir isso ao efeito da bebida que ele ingeria aos litros, mas e se ele estivesse certo, como a maioria das vezes esteve em sua escrita tão dura e direta? Necessidade não é desejo, mas te fizeram acreditar que é tudo a mesma coisa.


Você já reparou o quão rápido nos cansamos de coisas e até pessoas que nos pareciam tão preciosas e que por vezes acreditamos que eram o que faltavam realmente em nossas vidas? Uma casa maior, um carro mais caro, mais roupas, mais dinheiro. Ou finalmente você "comeu" aquela mulher que há tanto tempo queria em uma transa vazia e insignificante. Queremos o que não possuímos e quando possuímos não queremos mais. É um ciclo infinito e insípido.


Eu te pergunto...qual foi a última vez em que você passou uma tarde na praia trocando ideias com amigos queridos? Qual foi a última vez em que preparou um belo sanduíche e tomou uma cerveja gelada assistindo o jogo de seu time de coração? Qual foi a última vez em que foi tomar um café descompromissado com uma pessoa que você gosta? Qual foi a última vez em que abraçou seus pais? Qual foi a última vez em que fez as pazes com alguém importante com quem se desentendeu? Qual foi a última vez em que você riu de gargalhar, quase descontrolado, de algo bobo e divertido? Qual foi a última vez em que você sentiu totalmente em paz? Simples prazeres. Por incrível que pareça, muitos dirão que faz muito tempo. Alguns precisarão até viajar até suas infâncias em busca de memórias de um tempo onde nada possuiam mas eram felizes.


E aí nos perguntamos o que aconteceu conosco. Em qual exato momento passamos a valorar pessoas por sua conta bancária?Nós conhecemos realmente o caráter de de um homem quando vemos como ele trata as pessoas que não podem fazer nada por ele. Quando passamos a dormir mal ou a não dormir acreditando que seriam alguns pares de sapatos a mais que nos fariam felizes? Por que dividimos nossa cama com estranhos? Por que baixamos tanto nosso preço? Envelhecemos senhores do vil metal, muitas vezes nos vendemos, estabelecemos e rompemos relações baseadas na hipergamia, compramos mais e mais para tapar um buraco que jamais será fechado com matéria.


E então olhamos para nossos armários, coalhado de roupas que ainda não usamos, enchemos as prateleiras com livros que jamais serão lidos em uma única vida, entupimos nossos corpos de comida no lugar de afeto, em uma ceia pantagruélica daquilo que nunca realmente precisamos. Entronamos a cornucópia do ter ao custo de nossas almas, mas a angústia não mente, ela sempre conta a verdade, mesmo que de forma invertida. E aí engolimos mais uma pílula.


Em nossa ansiedade pautada pela sobrevivência e pelo "super", nos esquecemos de viver. Nos fechamos aos outros e a nós mesmos, sabendo que a solução não é a pizza de quarta-feira e nem o café caro e ruim do Starbucks. O caminho do shopping é o caminho da desumanização, da impessoalidade, do consumismo desvairado que nos compele a vivermos mentiras etiquetadas e relações líquidas. Somos os zumbis da Nike, da Apple, do Burguer King.


Semana passada terminei de ler "A Montanha Mágica", um livro que negligenciei durante anos. Ao final percebi que aquela pequena conquista me gerou uma satisfação mais genuína do que qualquer coisa que pudesse comprar com meus cartões de crédito. Vou levar o que senti lendo aquelas páginas até a minha morte. O alfarrábio não me custou mais do que alguns poucos reais e me fez viver uma experiência única, sozinho, sentado em uma poltrona. Algo só meu e profundamente excitante.


Sim, o dinheiro pode trazer tranquilidade, saúde e conforto, coisas importantes. Mas seus amigos de verdade, relações construídas para resistir à moléstias e às vacas magras, o chope gelado, o livro e o filme inesquecível, às coisas que enchem a sua vida de memórias e poesia, essas estão além do extrato bancário e talvez você só se de conta disso nas perdas relevantes de sua vida e na doença. Toda matéria é substituível, já o afeto cardinal, inconsútil, legítimo, é outra coisa. Ele não está a venda na loja mais próxima.


"Nós todos precisamos de espelhos para nos lembrarmos de quem somos".

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