Quando há um rompimento seja ele afetivo, de trabalho ou até mesmo de alguma atividade regular qualquer que tínhamos em nosso cotidiano, costumamos confundir a falta que sentimos da rotina experimentada diariamente com a ausência da pessoa, trabalho ou "ritual" com o qual nos habituamos ao longo do tempo.
Misturamos então os sentimentos pois a praxe está diretamente ligada ao nosso dia a dia e é difícil mudar coisas que estamos programados para fazer. Mas quando analisamos friamente, muitas vezes tudo não passa de uma miragem que criamos a fim de viver de forma mais segura, ou pretensamente mais confortável. A saudade não é daquele maldito trabalho ou daquela pessoa que você não aguentava mais. É da sua rotina, da vida que você construiu.
Após algum tempo você então se recorda que fazia determinada atividade roboticamente, sem prazer algum, que aquele trabalho te era insuportável e você procastinava o máximo que podia, e que naquela relação era frequente a busca pela ausência e não pela presença.
A rotina que criamos a fim de tornar a vida mais palatável, ao mesmo tempo que nos ajuda a minorar os efeitos do tempo, também nos acomoda ou até nos torna inerte em relação a mudanças que precisam ser feitas.
O ser humano tem uma enorme capacidade de se adaptar, mas também de se acomodar. Criamos com frequência um casulo de proteção a nosso redor e acreditamos que enquanto ali estivermos nada de mau nos acontecerá. É por isso que retardamos alterações em nossas vidas, muitas vezes ao preço de nossa saúde física ou mental.
Quando o inevitável ocorre confundimos prazer com costume, dependência com amor, rotina com obrigação. E assim acabamos por sofrer apenas por mudanças pelas quais na realidade ansiávamos inconscientemente, mas que não nos damos conta em um primeiro momento justamente pela da bolha de praticas e regras que inventamos para nós mesmos como as comezinhas abluções matinais.
Romper com velhos hábitos e manias é sempre difícil e trabalhoso, por natureza resistimos a isso pois nossa programação impende uma sensação de segurança e proteção, mas basta não olharmos para os lados ao atravessar uma rua e tudo isso pode desmoronar, não é mesmo?
Sendo assim, é importante que eventualmente paremos para pensar a fim de discernir os inúmeros enganos que criamos em nossa mente com o intento de carregar o fardo pesado que a vida nos impõe. Assim sofreremos menos, nos tornaremos menos ansiosos e lamentaremos menos, afinal o resultado pode ser exatamente o que você desejava e apenas não sabia. 😎
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