Sim, a arte é fundamental e vou te dizer porquê. No meio de nossas vidas corridas, de contas, boletos, trabalho e vicissitudes, tendemos a não valorizar nada que não seja material, terrestre. Mas aí algo acontece. Uma doença, a perda de um parente, você deixa de ser amado por alguém ou passa a amar novamente. Então você se depara despretensiosamente com uma poesia qualquer, e aquilo mexe com você. Te transforma, te muda, altera seu universo e seus paradigmas.
E você se pergunta por que aquilo de repente passou a ser importante no meio de sua vida atribulada, onde nunca houve espaço para aquele tipo de mensagem, para aquele jogo de palavras que agora afeta tanto seu coração.
Como é possível? Quem ligaria para isso, para poesias nesse mundo tão material, cada vez mais desumano?
Isso é possível porque quando ocorre algo que transverte nosso estado emocional, que afeta ou ultrapassa a realidade banal e mundana do cotidiano, então sentimos a necessidade de encontrar O SENTIDO daquilo tudo e compreender melhor as nuances da vida. E aí então a arte deixa de ser um mero luxo, uma mera trivialidade, para ser absolutamente fundamental. De fato vivemos para ela, mesmo que não saibamos.
Precisamos da poesia, da literatura, do cinema, da música, de tudo que possa nos impactar e nos transformar, porque ao nos transformarmos, fazemos o mesmo com o mundo a nosso redor. Apenas a arte é capaz disso.
Assim, ao nos depararmos com questões que rompem com as lindes de nossas estruturas emocionais e nos impendem a refletir sobre o universo e nossas existências, nada mais pode nos redimir e resgatar além da arte, e nesse exato momento percebemos como ela é essencial, pois é sustento e não desejo.
Não é difícil nos recordarmos de quantos momentos significativos, positivos ou negativos de nossas vidas, foram marcados por músicas ou filmes. Nos lembramos por vezes de livros que lemos ainda muito jovens e que nos acompanham ainda hoje, vivos em nossas memórias. Acreditamos que vivemos para atender às demandas rasas e rasteiras do cotidiano, mas a companhia das coisas que realmente importam como o amor e o afeto, são sempre alimentadas pela arte. Lembra daquela manhã quando você ligou o rádio de seu carro e tocava aquela música que imediatamente te catapultou para 10 anos atrás? Uma verdadeira máquina do tempo.
Dessa forma, é justamente o contrário. A nutrição essencial de nossas almas e que supre nossa existência, é e sempre será a arte em suas inúmeras formas e espectros. Trivial é o resto, mesmo que não pareça.
A arte e suas reflexões sobre o mundo, sobre a beleza, sobre as angústias do dia a dia, sobre as perdas, sobre o amor e ódio, sobre a vida e morte, não é um luxo a ser admirado em uma pintura qualquer. É o alimento essencial para atravessarmos a vida menos solitários, mais conscientes, mais empáticos e mais atentos. A arte, sobretudo, nos torna mais humanos. Como isso não seria fundamental?
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