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Foto do escritorHP Charles

A infelicidade da mulher moderna.

Atualizado: 14 de out. de 2023

Em um levantamento realizado pela ong Think Helga, mais de 1000 mulheres foram convidadas a avaliar as próprias vidas e de 0 a 10 a maior nota foi 3,2. Um nível de satisfação de 30% é absolutamente preocupante e sintomático.


Concomitante a isso, os casos de ansiedade e Síndrome do Pânico triplicaram na cidade de São Paulo entre 2019 e 2022. Os atendimentos para as mulheres passaram de 45 mil, um aumento de 250% em relação aos homens.


Entre 2020 e 2022 os cartórios da cidade de São Paulo também registraram uma redução de 25% no registro de filhos por mulher. Pelo que tenho lido, esse fenômeno vem ocorrendo em todo o ocidente.


O que está acontecendo?


Sim, pensaremos na pandemia em primeiro lugar e suas consequências imediatas como o isolamento, mudança de hábitos e inseguranças sanitárias. No Brasil poderia citar o acirramento e a intransigência política que levou e leva muitos ao limite. Mas isso é tudo? Penso que não.


E por que as mulheres andam tão infelizes? Conseguiram seu lugar a mesa, não? Possuem todos os direitos, são maioria nas universidades, estão fazendo dinheiro, possuem independência financeira, ganharam leis (não isonômicas) que claramente lhes favorecem, garantiram sua liberdade sexual, os comentários mais misândricos, mais androfóbicos, são reforçados e aprovados pelo fundamentalismo ideológico nas universidades e por boa parte da Internet. Certamente nenhuma mulher negará as conquistas que obtiveram socialmente. Então como se explica tamanha infelicidade? Houve avanço ou retrocesso?


Meus dois centavos apostariam na fragilidade das relações hodiernas e que as mudanças apressadas de valores e de costumes, reforçadas pelo mundo virtual, tenha grande parte de responsabilidade pela endemia de doenças mentais como depressão e pânico. Mas por que as mulheres parecem claramente serem mais afetadas?


Eu tentaria responder com outra pergunta: será que realmente era isso que queriam? Será que no final das contas esse movimento, esse feminismo aguerrido e imperativo era o que as mulheres precisavam? A demonização do homem as fez bem? A visão do masculino como o inimigo a ser derrotado ajudou? A quebra de valores, tradições, o reposicionamento gerou o resultado esperado? Aparentemente, não?


Me parece que o problema irá piorar antes de melhorar. Haverá uma reação natural de afastamento e precaução nas relações entre homem e mulher. Movimentos radicais e duvidosos como MGTOW, Redpill e variações deles estão se alastrando, advogados começam a se especializar em diminuir as injustiças causadas por leis imparciais (que promovem farsas e hipérboles criando mais injustiças ao invés de diminuí-las). Possuo alguns amigos e alguns conhecidos que simplesmente não desejam mais estabelecer qualquer relação mais profunda com mulheres. Um deles inclusive me confessou que no trabalho passou a tratar as mulheres com apenas "bom dia" e "boa tarde" e nada mais. Exagero? Pode ser, mas outro dia li um artigo que afirmava que um mero toque no ombro (para chamar atenção sobre algo) pode consignar assédio. Sério? O que é razoável? Qual é o novo código?


Toda essa hipersexualização fez bem? O excesso de procedimentos estéticos, a pressão pela juventude eterna, pela perfeição física em cada post irreal no Instagram, alguém achou que isso não teria consequências na psiquê feminina? O ataque ao conceito de família, a maternidade, ao casamento, instituições milenares, gostem delas ou não, não viria com um preço? Mais solidão, mais afastamento, mais individualismo.


Me parece que atiraram muitas mudanças, muitas generalizações, muito peso nas costas femininas. As fizeram engolir coisas que jamais acreditaram, ou jamais precisaram em nome de uma ideologia qualquer. E elas foram mastigando inconscientemente sem as digerir realmente. O cenário sim pode ter sido reforçado pela pandemia, mas é evidente que existe um elefante na sala que é o fato de tudo estar mudando muito rápido e de que as relações estão cada vez mais tênues, frágeis e DESCARTÁVEIS. Há uma enorme desconfiança no ar, tudo parece abstrato como os códigos binários que comandam nossas vidas nas mais diversas formas e searas.


Eis a pergunta de 1 milhão de dólares: como a história irá terminar? 30% de satisfação é muito pouco, não? Para qualquer um. As doenças mentais avançam junto com a solidão em um mundo que parece cada vez mais intangível. Mas não somos máquina. Mulheres possuem uma sensibilidade diferente, exigem um abrigo diferente, um cuidado diferente. Teria o feminismo fracassado com as mulheres, em última análise? Não era o que precisavam? Tendo em vista os números, a pergunta me parece absolutamente genuína.


Muitas vezes nós homens falhamos miseravelmente ao longo do caminho, mas fazemos parte desse caminho. Seja como pais, irmãos, maridos, amigos, como for. Nos tornar inimigos não ajuda ou resolve. É aquilo, se você é visto como oponente, como antagonista, também tratará o outro com desafeto.


A quem interessa uma guerra entre os sexos? Alguém poderia sair vencedor? A inversão de papéis e valores está funcionando? Então porque a mulher padece com tantas doenças da mente e da alma? Seria o momento de frear o trem? De dar um passo atrás e repensar se é preciso alterar os trilhos? Apenas as mulheres poderão escolher o próprio caminho. Torço para que acertem. Toda a humanidade depende disso.

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