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Foto do escritorHP Charles

Ansiedade, o maior mal da vida moderna.

É preciso alguma experiência e maturidade para compreender e aceitar que não controlamos o futuro. Que não temos como evitar determinadas perdas, fracassos e doenças. Viver com receio do futuro destrói o presente, assim como ser assombrado pelo passado contamina a existência cotidiana.


No entanto, podemos fazer algo a respeito dessas aflições que atingem quase a todos no mundo moderno. As incertezas da vida em relação ao futuro. E a maneira mais efetiva e profunda de se fazer isso é escolher bem as pessoas que permitimos entrar e participar de nossas vidas. Com isso, de certa forma, minoramos os riscos e tragédias que possam vir a nos acometer futuramente.


Quanto ao passado, fazer terapia, vivenciar o luto através da não repressão das dores, aceitando a realidade da vida, pode transformar a relação que possuímos com esse mesmo passado traumático e doloroso.


A partir do final do século XX a depressão foi aos poucos dando lugar para ansiedade como o maior problema de saúde mental vivida no mundo. A internet com sua capacidade de falsear a realidade, de criar ilusões e estabelecer parâmetros inalcançáveis, alterou a perpepção da sociedade com relação à vida e a determinados valores.


O mundo passou a mudar muito mais rápido, e mesmo os jovens não estavam preparados para isso. Boa parte das pessoas acometidas por ansiedade são jovens. Insegurança, insatisfação, problemas com autoimagem e até suicídio, atingem fortemente a juventude ao redor do mundo.


As redes sociais criaram uma pseudo realidade onde todos se comparam e a felicidade parece obrigatória. “O fundo do poço é o lugar mais visitado do mundo, mas ninguém posta selfie de lá”. As relações se tornam cada vez mais fluidas, substituíveis, e o conceito de empatia, lealdade e amor, foi substituído aos poucos pelo individualismo, narcisismo e instrumentalismo.


“Amamos as coisas e possuímos as pessoas, quando deveria ser o contrário”. As consequências da desvalorização do ser e da glorificação do ter, criaram desejos e necessidades que não são genuínas, pois possuem relação com expectativas de terceiros e não com as próprias. Não há apenas a “obrigação” de ser feliz, mas de expô-la. Isso gera ANSIEDADE. No entanto, a psicologia é clara em relação ao fato de que quanto mais a pessoa se esforça para mostrar felicidade e perfeição, maiores problemas ela possui.


Aos poucos as pessoas vão se tornando escravas de ambições desproporcionais e despropositadas, se tornando menos íntimas em seus enlaces afetivos, constituindo afetos desviados e doentios, há um notório aumento do espectro narcisista ativado e incentivado virtualmente, e muitos estão sucumbindo face a tais estímulos.


A glamourização da riqueza e do status atingiu níveis absurdos, criando miragens e mentiras à granel, e o pior é que o dinheiro parece não estar resolvendo também a questão da ansiedade, pois os abastados “entopem” os consultórios “psi” e “se entopem” de ansiolíticos e antidepressivos para tentar solucionar questões existenciais. Não adianta nada, evidentemente.


Os governos fingem que não há uma crise gravíssima de natalidade, que nações não correm real risco de extinção por conta da ausência de enlaces e, por consequência, da diminuição drástica das fecundações. Preferem acreditar que tudo se resolverá magicamente em um universo onde homens e mulheres foram compelidos, por ideologias e interesses escusos, a ficarem em lados opostos. Leis foram criadas para isso. Agora há um enorme abismo entre os gêneros. Nos EUA, apenas 6.5 homens se casam a cada 1000. Missão cumprida!


É cristalino que haveria uma epidemia de ansiedade. Economia destruída, relações fluidas, família nuclear desconstituída. Resta o quê? O materialismo? Ele não dará conta. Muitos falam em reclusão voluntária, e isso justifica o absurdo nível de solidão hodierno. Solidão inclusive dentro das relações.


É claro, esse parece ser um texto negativo apesar de realista, mas por outro lado, não seria a crise em que vivemos também uma oportunidade para acertarmos o leme do navio? Mesmo que isso comece em nível individual?


Trocar o individualismo pela visão da existência do outro. Trocar o narcisismo pela empatia e pela realidade. Trocar o instrumentalismo pelo afeto genuíno e por relações de troca real, produtiva. Sim, porque do contrário o barco vai afundar e todos morrerão afogados. Até o pessoal da cobertura. Chega uma hora em que “os escravos” optarão por romper as correntes mesmo ao custo de sua própria existência.


O mundo atual oferece muitas perguntas e poucas respostas. Em determinado momento esse quadro precisará se equilibrar. Procurar uma vida mais simples, mais voltada para a realidade, estabelecer limites, escolher bem quem você permitirá que faça parte de sua história, entender que os dias podem ser repletos de pequenos prazeres quase gratuitos. Buscar a paz e a evolução pessoal como a verdeira meta. A real solução para o combate à ansiedade é encontrar propósito em nossas existências. Esse próposito está dentro de nós mesmos, não em “coisas” ou em “outros”. Sim, as questões de sobrevivência, contas, obrigações, geram ansiedade e estresse, mas essas precisam de soluções pragmáticas, objetivas, e a maior crise é existencial.


Diminua a régua, se aceite mais, ame o que você possui, encontre prazer nas pequenas coisas e nos pequenos momentos. Não se isole, divida, não estenda pendências pessoais, não crie problemas, não fique preso ao passado ou tentando controlar o futuro. Eu garanto que a ansiedade vai diminuir muito.


Dispa-se das máscaras.


“Seríamos melhores se não quiséssemos ser tão bons”. - Freud


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