Você já vivenciou algum momento em sua vida onde coisas boas pareciam estar acontecendo seja em uma relação afetiva, seja em um novo trabalho, e inconscientemente você agia de forma a sabotá-las? Seja criando obstáculos imaginários e destrutivos, problemas ilusórios, enxergando transtornos que jamais existiram e que impedem seu progresso e felicidade?
A autosabotagem é uma inimiga invisível e perigosa ao longo de nossa existência, pois se alimenta de nossas inseguranças, criando buracos em pontes absolutamente transponíveis. Ela nos impede de ver as coisas como realmente são, nos condenando muitas vezes à imobilidade ou ao estressamento, a gerar tensão em conexões que não são merecedoras de tal sentimento.
A autosabotagem é, em ultima análise, uma forma como você se posiciona e se coloca perante o mundo, pois te impede de tomar as decisões certas e que por vezes te libertariam de comportamentos repetidos no passado. Sim, muitas vezes é preciso lidar com traumas, mas nortear seu futuro com estagnação, solapando o presente, é a pior das hipóteses.
Afirmar isso não é se abrir para decisões irresponsáveis e inconsequentes de mudança, pois isso também seria uma forma de autosabotagem, vez que o correto seria agir racionalmente e eticamente em relação às escolhas a se tomar. Muitas vezes o autosabotador se machuca profundamente porque se julga merecedor daquela dor, porque ao acreditar inconscientemente em uma pseudo segurança em sua imobilidade, acaba por perder oportunidades que jamais retornarão.
O autosabotador, de forma contumaz, possui problemas com sua autoimagem e normaliza o julgamento sobre si mesmo sempre obtendo a mesma sentença: "eu não vou conseguir lidar com a vitória, não vou jamais alcançar ou merecer essa conquista". Depois que sua mente, após tantas repetições, se acostumou com essa miragem, que foi programada pela própria pessoa, ela então se vê como fraca ou impotente para quebrar aquele anel.
É muito comum o autosabotador se culpar, se vitimizar, viver em constante estado de medo e de estresse. Outras vezes ele simplesmente se coloca em uma espécie de dormência emocional que o impede ou dificulta em ter prazer ou viver o novo plenamente.
A pessoa com esse tipo de problema muitas vezes cria para si resistência a objetivos que poderiam ser simples, como uma pequena dieta. Assim que começa a obter resultados, ela viola o pacto consigo mesma se atirando à guloseimas que não pertencem ao que foi decidido. Outras vezes ela cria empecilhos em um novo namoro que é promissor, imputando dúvidas e dificuldades em sua mente por conta de sua falta de confiança em seu potencial, acreditando em uma imagem distorcida e menor de si mesma.
Nesse sentido, o autosabotador precisa ficar sempre atento para perceber as ciladas e armadilhas que cria para si, mesmo que involutariamente, e lutar para conter os impulsos negativos. A questão da confiança e da própria imagem pode ser algo poderoso dependendo para qual lado você penda, para onde você leve o fiel da balança.
Uma pessoa confiante é uma pessoa quase indestrutível, mas a debilidade de tal sentimento é como uma âncora que te deixa amarrado no fundo de um poço. A questão aqui é que quem amarra a âncora é a própria pessoa. Por sorte há saída e, dependendo do caso, com terapia e com a construção de uma autoimagem saudável de si mesma, ela rompe com a "programação" ilusória que está presente e foi criada em sua cabeça.
Essa mudança é possível. Se voltar para o novo e para a ação impende um pouco de coragem e determinação, depende de ouvir o real desejo que certamente existe dentro de si e que está soterrado pela baixa autoestima e pelo medo. Se eu acredito em você, por que você não acreditaria? A bola deve ser chutada para frente.
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