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Foto do escritorHP Charles

Ausência de culpa e consequências.

Atualizado: 6 de jun. de 2024

Qual é a sensação que você guarda quando comete uma injustiça, quando suas ações resultam em consequências ruins para alguém? E então, como você convive com tal sentimento? Com o mal que trouxe para o mundo? Como a culpa age em seus dias e suas noites? Saiba que se você a sente, se há um incômodo, uma pressão, uma depressão ou tristeza inerente relacionada a seus atos, então você é uma pessoa normal.


A ausência de tais sentimentos, da empatia, da preocupação com as consequências de suas ações, do agir individualista sem se preocupar com o reflexo de suas atitudes no mundo, é um sinal absolutamente preocupante e até perigoso. Ele vai da falta de caráter até a psicopatia. Assim, aquela ausência de qualquer culpa, da indiferença acerca do mal causado a outro ser, precisa ser notada e condenada, algo a ser combatido e repelido.


Sabem quando vemos um filme, quando lemos uma notícia, onde cenas e fatos relatados nos causam pesar e repugnância? Uma violência, um crime, um golpe, uma injustiça? Essa sensação é como se fosse uma fagulha moral e talvez, divina, que nos alerta sobre quem somos e nossos valores, inspirando um pensamento de oposição ao mal.


A ausência da empatia, a premeditação em tramas destrutivas, as mentiras patológicas e malignas, fazem parte desse mundo assim como a bondade, a caridade e o amor. Ao nos depararmos com pessoas que se encontram abrigadas no espectro da vileza e da destruição, há sempre a possibilidade do resultado ser dor, sofrimento e tragédias pessoais. Mas só quem sente são aqueles do lado do bem, os construtivos, os afetuosos, os empáticos.


A questão filosófica acerca do bem e do mal, então se torna objetiva no sentido das ações perpetradas, afastadas as relativizações covardes ou convenientes. Tais situações nos fazem pensar sobre os "porquês", sobre a existência ou não de uma "lei de retorno", sobre karma, sobre Deus. Sobre se há realmente uma espada invisível e implacável movida pelo tempo, sobre os ímpios.


Por que desejamos tanto que a justiça seja feita? O que nos incita, internamente a bradarmos contra os corruptos, os malfeitores, os canalhas? Foram os valores passados por nossos pais? Ou é algo mais profundo, talvez transcendente? É a biologia em nós mostrando que a convivência em sociedade não pode preservar ou proteger quem é um perigo para o todo, para a comunidade?


O contato com psicopatas e narcisistas nos faz avaliar o mal e sua atuação sobre humanidade. A internet os fortaleceu, a flexibilização de valores, o desmerecimento do caráter e a valorização da matéria, da luxúria e do poder, os emponderou. A politização da justiça, da mídia, corrupção, os dá abrigo e fuga. Muitos relatam um sentimento de desconexão e desesperança com o mundo atual. As relações interpessoais se tornam cada vez mais rasas e descartáveis, casais se encontram em aplicativos que mais parecem um fast food de sexo, com o propósito de ter ao menos uma noite onde a enorme solidão que sentem seja apaziguada. E então entregam seus corpos a outra alma vazia e desesperada. A sensação de desesperança aumenta na mesma medida em que a bússola moral se torna viciada.


Como não acreditar que o mal pode vencer? A políica mundial se torna cada vez mais perigosa, líderes governam para amigos e para si mesmo, para narrativas inconsequentes, com planos hipócritas, acreditando em uma eternidade que os torna cegos ao mal que causam. Depois dizem que "o amor venceu". Não venceu.


Nunca foi tão fácil ser ruim. Nunca foi tão simples se disfarçar em um perfil qualquer e espalhar patologias, condenar inocentes e deixar um rastro de sofrimento. Sim, o mundo virtual oferece o meio, mas a inversão dos valores é a grande culpada. Pessoalmente não vejo saída a não ser a influência sobre quem está ao lado. Gente que presta dando exemplo e mostrando a verdade e a bondade ao vizinho. Denunciando o mal, condenando a injustiça, renunciando à corrupção.


É a única chance.


A redenção não virá da mídia, da política, da internet. O caminho está em salvar um de cada vez, e se você fizer isso, terá feito a sua parte. A preocupação com as consequências de seus atos, a culpa que não devora, mas que te impele ao sacrosanto pedido de perdão, a busca por perdoar também a si mesmo, é algo fundamental em nossa existência.


Sem dúvida há inimigos lá fora. Eles estão nas ruas, estão olhando suas redes sociais, estão em seu trabalho e por vezes até dentro de suas relações mais íntimas. Eles se disfarçam, mentem, fingem, roubam, traem, manipulam, e espalham o mal e a doença em uma sociedade que se esfacela, contaminada. Sejamos o oposto. Que tal? Estenda a mão. Entregue uma parte de seu tempo. Ouça o outro. Ajude como puder. Ao contrário de quem age pelo mal, você compreende a dor, pois já a sentiu. Você entende a solidão, pois já passou por ela, você compreende o afeto pois já recebeu abraços genuínos e livres.


Se perceber o mal, se vier a se deparar com pessoas vis, sem empatia, infelizes, amargas, inconsequentes, apenas faça o oposto. Essa é a única resposta possível. Ser cada vez mais humano.

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