É fato que a internet mudou a dinâmica dos relacionamentos. Tornou as conexões mais fáceis, mais rápidas e mais numerosas. Mas paradoxalmente as tornou também mais fluidas, breves e perigosas.
Os números parecem não deixar margem para dúvidas. A facilidade de flertes experimentada com o celular nos colocou em contato com todo o tipo de pessoa. Boas e ruins. Mas a qualidade das relações, ao que tudo indica, caiu enormemente, e homens e mulheres se entendem cada vez menos. E o pior…tal movimento parece crescente e inevitável.
Há mais possibilidade de conexão, mas isso não tem se traduzido em mais uniões relevantes ou pródigas. Tudo passou a ser mais apressado, a busca por intensidade e mera validação superou os planos de longo prazo, e a capacidade por se fazer escolhas mais acertadas vem se perdendo na medida em que a velocidade condena ao erro. A desconfiança e o materialismo imperam na sociedade moderna, afetando as conexões interpessoais.
Algumas pessoas são tóxicas. Essa é uma realidade indisputável. Elas possuem um alto nível de insegurança, baixa autoestima, frequentemente carregam traumas e problemas amealhados em suas infâncias, questões que se apresentam na forma de padrões extremamente destrutivos e negativos.
Assim, precisam sabotar outras pessoas ou sabotar a si mesmos. Quando nos envolvemos com pessoas com tais caraterísticas, corremos o sério risco de arruinarmos nossa vida. Você fica preso em seus dramas e é muito comum que consigam controlar toda a dinâmica da relação. Se alimentam de manipulações através das emoções que despertam. Muitos só conseguem perceber muito tempo depois, quando estão casados, com filhos, dividindo o mesmo teto.
Alguns por dependência, ainda que se livrem de determinada relação tóxica, tornarão a constituir outra, muitas vezes ainda pior. Padrões precisam ser quebrados, círculos rompidos, desejos e temores descobertos. Nesse sentido a terapia é fundamental. Se ouvir é necessário. É preciso dar espaço a nosso inconsciente, pois ele influenciará em nossa existência de uma forma ou de outra.
Ao longo de nossas vidas vamos experimentando traumas, nos refugiando em ilusões, nos abrigando em castelos de areia, e isso gera sofrimento. Somos afetados fisicamente e emocionalmente pelo nosso passado até que o ressignifiquemos. É claro, não é possível mudá-lo, mas é possível nos relacionarmos de forma distinta com ele.
Por que nos casamos com versões de nossas mães controladoras, tirânicas, ou de pais ausentes e abusivos? Fazemos isso para ter uma oportunidade, quando adultos, de consertar coisas que nos machucaram quando éramos crianças.
Nem tudo o que fazemos é determinado pelo que está na superfície. O inconsciente possui sua própria marcha, ansiando por ser escutado.
Por vezes não caminhamos na direção da cura porque a dor é a única conexão com aquilo que perdemos, e isso precisa ser transformado. O preço de não fazê-lo é sempre muito alto.
Se o padrão não for rompido, irá se repetir.
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