Você já se sentiu totalmente perdido? Já teve a sensação de que sua vida não inspirava nenhum sentido? Já viveu uma dor tão grande que a simples ideia de fazer com que aquele sentimento malévolo apenas terminasse, fosse preocupantemente atraente? Nesse exato momento, na hora mais escura, quem realmente se importou? Quem te deu a mão? Quem vislumbrou o seu pior e, ainda assim, te disse..."calma, vai passar"?
Se você teve essa pessoa um dia, que viu o seu pior e te deu a mão salvadora que te puxou do penhasco, faça mais do que agradecê-la. SEJA ESSA PESSOA PARA ALGUÉM. Sim, entenda que há uma obrigação moral e de caráter em entender o quão importante isso pode ser para alguém que está passando exatamente pelo que você passou.
Sem "mas", sem "papo furado". Apenas esteja presente. Sim, eu sei que sua vida é corrida, que você tem seus problemas, que tem seus boletos para pagar. Todos têm. Mas aquele cara que te estendeu a mão naquele momento crucial também tinha. E ele encontrou tempo, encontrou disponibilidade, encontrou amor o suficiente para estar contigo justo na hora em que não havia mais luz. E como você vai recompensar isso? Simples. Sendo também um farol de luz na escuridão.
Faz poucos meses que abri esse blog a fim de que ele me servisse terapeuticamente, pois a escrita sempre foi assim para mim desde a infância. E é incrível como algumas pessoas se identificaram e me permitiram dividir com elas suas próprias angústias e incertezas. Mesmo de longe, mesmo sem poder abraçá-las como fui abraçado. E saber que minha disponibilidade é reconfortante de alguma forma, faz uma puta diferença. Para mim e provavelmente para quem ouço.
As pessoas estão se quebrando em um mundo cada vez mais frio e infectado pelas ilusões das redes sociais, onde tudo é insípido e binário. E sendo binária a regra, binárias são as visões e narrativas. Não existe mais o meio termo, não existe mais o meio do caminho. Tudo é 100% ou 0%. Todos são santos ou demônios. O que vocês acham que isso faz com a psicologia das pessoas? Entregue às suas certezas e indiferenças?
Imediatismo, individualismo, solidão, angústia, depressão. Os números, as estatísticas, são aterrorizantes. As conexões pessoais se tornam rasas, líquidas, breves. Mas se você sabe disso, por que não ser diferente? Por que não escutar mais, não estar mais presente, não fazer a diferença? Sim, a vida é foda, amigos, sabemos, ela te engole e cospe o caroço, mas no final das contas o que realmente importa? Mais um jeans, mais um carro, mais uma transa? "Nunca vi carro-forte atrás de rabecão".
Vocês sabem o poder de um perdão? De um pedido de desculpas? É preciso caráter para isso. É preciso força. Pessoas que se afastam abruptamente sabem que fizeram mal a alguém e justamente por isso cortam a corda. Por fraqueza, por covardia. Por outro lado, a oferta do tempo, do ouvido e da presença, é sinal inconfundível de valor e humanidade. Quem você quer ser?
Em um mundo que parece a cada dia que passa, se tornar mais invertido e surreal, você pode, com um simples gesto, fazer toda a diferença, acredite. Sendo assim, se mostre disponível, diga que se importa (e se importe), chame para um café, diga que vai ficar tudo bem (mesmo que a pessoa não acredite). Faça com que a ação do tempo seja mais imperceptível para quem tem dias intermináveis.
Um dia, quando menos esperar, pode ser você a precisar daquela mão redentora. Daqueles 15 minutos de ouvidos sinceros. A vida dá voltas, e carecemos, acima de tudo, de afeto. Não de um novo Iphone, não de uma nova bolsa, não de uma nova camisa. Sim...precisamos de afeto. Aquele genuíno, que aquece o coração e refresca a alma. Nós não sabemos de fato a luta interna de cada um, mas ao ajudarmos a alguém que precisa, estamos ajudando indiretamente a nós mesmos ao melhorarmos um pouquinho nossa humanidade e o mundo em nossa volta.
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