Talvez você ainda não tenha percebido como a necessidade de validação e atenção tem influenciado, direcionado a sociedade e alterado a vida das pessoas, as conduzindo para abismos pessoais e existenciais. O like se tornou uma moeda valiosíssima demais para ser desprezada, não? Muitos então têm construído suas vidas em torno da percepção de terceiros. Isso inevitavelmente gera ansiedade e depressão, doenças que se tornaram epidêmicas.
Isso ocorre porque o objetivo em atender às expectativas alheias jamais será atingido, e também porque acaba afastando as pessoas do que realmente desejam ou precisam. Se sentirem confortáveis consigo mesmas.
As pessoas então se tornam projeções dos outros a fim de se sentirem amadas, desejadas e admiradas. Basicamente essa é uma definição pertinente de narcisismo, onde há a criação de um “falso ego” a fim de possibilitar a existência de um ser incompleto que vive eternamente dentro de uma fantasia grandiosa. Isso explica em parte a enorme frequência e popularidade com que a palavra está sendo utilizada, vez que se adequa ao momento atual, norteado por redes sociais, materialismo e individualismo.
Na medida em que leio mais e mais sobre psicanálise e sobre logosofia, compreendo que apesar de serem matérias distintas, sendo a primeira terapêutica e a segunda instrutiva na direção de uma busca pessoal de evolução consciente, ambas confluem quando abordam a importância do foco na organização de pensamentos voltados para a realidade e na capacidade que o equílibrio mental tem de mudar a vida das pessoas, as fazendo tomar escolhas mais genuínas e acertadas. Tais escolhas sempre precisarão refletir quem você de fato é, e jamais os outros.
A necessidade de validação externa leva ao caos e a decisões que quase invariavelmente destroem relações, empregos, afetos, amizades. Ela impõe o vestir de máscaras que sempre cairão em algum momento. SEMPRE.
O bombardeio de estímulos diários, a ideia de que sucesso é ligado a dinheiro ou ao físico, a velocidade do mundo, a construção de uma filosofia em que a felicidade é um estado permanente, que o sofrimento é evitável e não como parte de algo indissociável da vida, está na verdade, gerando ANSIEDADE e desilusão.
As comparações imediatas e automáticas com gente que parece (apenas parece, evidentemente) viver vidas perfeitas, com famílias perfeitas, com casas perfeitas, é absolutamente danosa. E acima de tudo FALSA. Mas olhamos aquilo e nos sentimos menores. O algoritmo não serve para vender exatamente “coisas”. Ele serve para vender inveja, vaidade e vergonha. Ao se perceber isso, você começa a se libertar.
Seus pensamentos e desejos são realmente SEUS? Ou você precisa de certos objetos e pessoas por que isso é o que outros esperariam de você? A quem você quer agradar? E por quê?
O que você precisa ser ou ter para ser feliz? Será que ainda não tem? Tem certeza? Desejo e necessidade são coisas distintas. Mas a qual “senhor” você está servindo?
E então…os seus pensamentos são seus ou existem “vozes” alienígenas em sua mente? Te dizendo que você precisa ser quem você não é, parecer de certa maneira ou ter determinadas coisas para finalmente ser feliz? Vozes punitivas, depreciativas, malignas, te compelindo a errar e a se punir por via oblíqua? Destruindo seu bem estar, sua saúde, sua vida.
Tudo o que precisa é ouvir a si mesmo. Por que não o faz? Só você pode responder. Mas você quer?
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