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Foto do escritorHP Charles

Vozes da Escuridão. O perdão é a única alternativa.

Atualizado: 26 de mai. de 2024

A Dark Song me marcou de cara. É um filme de baixo orçamento, com efeitos baratos, cuja força está depositada na narrativa e na construção dos personagens, que são apenas dois. É um filme de 2016 e então não vou me preocupar com spoilers, fiquem avisados.


A história remonta uma mãe que perdeu o filho assassinado em um ritual. Isso a conduz na busca de outro ritual a fim de obter...vingança. Assim aluga uma casa afastada e com algumas especificidades que serviriam ao caminho que iria em breve percorrer.


Contrata então Joseph Salomon, um especialista em gnosticismo que seria capaz de conduzi-la pela liturgia do perigoso ritual apto a lhe conceder um "favor" de seu anjo guardião, isso se bem realizado e sucedido.


A previsão dada por Salomon é de meses de reclusão e sacrifício, incluindo jejuns, meditações e abstinência sexual. Sendo assim a casa é "selada" a isolando em uma espécie de dimensão diferente. Só seria possível encontrar uma saída para o mundo como conhecemos ao final das incríveis cerimônias.


A protagonista é avisada de todos os riscos e perigos e a jornada começa. A grande sacada do filme foi o estudo e fidelidade ao suposto ritual, o espectador atento nota que houve esmero e pesquisa para a realização do filme.


É evidente que ao longo do processo em busca do favor de seu anjo da guarda, coisas dão errado. Apesar das inúmeras recomendações de Salomon acerca da necessidade de que Sophia seja absolutamente honesta quanto a finalidade de seu intento, ela mente, inventando uma desculpa a Salomon. Tal farsa gera uma série de consequências culminando na morte do condutor. O ritual reage vivamente a qualquer deslize, qualquer desvio.


Sophia tenta deixar a casa mas se depara com uma estrada que sempre a leva de volta para o ponto de onde saiu. Está presa em uma espécie de limbo. Não resta outra saída senão tentar terminar o que começou. Nesse processo enfrenta as trevas e figuras demoníacas até compreender que não a vingança, mas sim a capacidade de perdoar seria a única coisa que a salvaria, redimindo sua alma e seu coração.


Os últimos momentos do filme, quando Sophia então encontra seu anjo protetor, são reconfortantes e conduzem o público a uma interessante reflexão. O favor é pedido e se resume na capacidade de perdoar os assassinos de seu filho. Ela percebe que a vingança apenas a manteria vinculada aos criminosos, e o peso jamais seria aliviado. Tal concessão liberta a protagonista do enorme fardo que carregou durante anos, a permitindo seguir em frente.


O final do filme é coberto de simbolismo com Sophia enfim deixando a casa e tomando a estrada para a vida. Uma vida renovada, com o passado de resentimento deixado para trás.


A Dark Song não é um filme para todos, mas possui uma grande fração de originalidade. A fotografia e a trilha sonora simples e sinistra, composta basicamente por uma drum machine e um violoncelo casam perfeitamente com a ambientação mistica proposta pelo diretor.


Recomendo fortemente esse filme que costumeiramente revejo, sempre impressionado com a proposta e com a verossimilhança conseguida por Liam Gavin, o diretor. Assistam e percebam que por trás de toda uma proposta de fantasia, ascetismo e misticismo, há uma mensagem absolutamente real e aplicável, a de que não há alternativa em qualquer universo que não seja o perdão. Apenas ele nos liberta e redime.


Nota: esse filme se encontra no momento disponível pela Prime Vídeo. Infelizmente dublado.

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